O suporte fílmico como fonte de matéria plástica é uma investigação que propõe, em uma performance, o estudo formal da perfuração como um elemento técnico e estético do cinema. Vários metros de filme de 16 mm e 35 mm, incluindo tiras coloridas conhecidas como “China girls” e outros filmes em primeiro plano, foram perfurados, e suas faces trocadas manualmente para criar loops de projeção.
Troco apresenta uma reflexão sobre a materialidade da produção cinematográfica ao experimentar, na tela, as imagens usadas para calibrar e testar cores. Este exercício plástico não apenas dá nova vida às imagens encontradas, mas também estabelece uma relação com elas ao cortar e recompor, criando loops que se combinam com outros fragmentos de filme que enfrentam um destino semelhante ao das mulheres: permanecer nas margens do filme.
A principal operação do filme é a troca de imagens por meio das perfurações no filme. Essas mesmas perfurações se tornam recipientes para outras perfurações que resultam numa interação rítmica de imagens e sons compostos por Hernán Hayet, que complementam a atmosfera da obra. O título Troco, que significa “troca” em português, evidencia a maneira como a artista aborda a relação corporal com a produção de meios cinematográficos analógicos, na qual é preciso tocar, cheirar e ver.